sexta-feira, 15 de abril de 2011

Relatório da Visita ao Museu / Cimenteira SECIL


24 de Março de 2011
Escola de Maceira 2 - 8 alunos, 3º ano e 9 alunos de  4º ano – Professora Ana Rafaela  Escola de Porto do Carro -   10 alunos, 3º e 4º Anos  - Professora Elsa Santos
A visita foi iniciada com uma apresentação de slides sobre o historial da incrementação da Indústria de Cimentos em Maceira, chamando a atenção para o factor primordial da existência da matéria prima básica para a produção deste produto – a pedra Calcária e a pedra Marga, assim como a apresentação de um cronograma representativo do circuito processual do fabrico do cimento, desde a extracção da pedra até à colocação do cimento no mercado.
Os alunos revelaram-se sempre muito interessados e atentos às informações dadas, revelando uma postura de alunos mais informados e motivados para os saberes a adquirir. Esta postura revelou-se de alguma importância no decorrer de toda a visita, pois já não necessitaram de colocar questões de ordem básica, como aconteceu com grupos de meninos mais novos, facilitando assim a rentabilização do tempo e permitindo uma mais completa análise dos factos acontecidos e das informações essenciais a transmitir.
Seguiu-se a visita ao Museu, onde a Senhora Doutora Ana Lúcia apresentou todo o historial da implantação da Fábrica de Cimentos, a partir do início do séc. XX, chamando a atenção para as figuras dos seus principais mentores e fundadores, dos princípios inovadores que, na época, foram de grande interesse ao implantar uma indústria cimenteira nesta região, salientando os aspectos relacionados com os factores humanos na sua totalidade.
A construção da Fábrica de Cimentos em Maceira, exigiu a mão de obra de muitos trabalhadores e foi necessário a vinda de muitos homens, imigrantes de outras regiões de Portugal, que, ao trabalharem aqui, tiveram necessidade de trazer as suas famílias e radicarem em Maceira as suas vidas, com tudo o que uma família necessita para viver com dignidade.
Para facilitar a fixação residencial destes operários, houve a preocupação de criar infra-estruturas habitacionais e sociais que lhes permitissem uma vida familiar com condições condignas e apoio na saúde e na educação, tanto quanto o necessário. Estas infra-estruturas tiveram a ver com a construção dos Bairros Operários em Maceira Lis, Pocariça e Maceirinha, as Escolas de Jardim de infância e Primária em Maceira Lis, o Posto Médico e Farmácia em Maceira Lis, a Capela de S. José, a Casa de Pessoal, Restaurante, Balneários, Cooperativa de Consumo e venda a retalho, Campos de Jogos e implementação de actividades culturais e de recreio.
Estas informações, foram apresentadas com a visualização de fotografias da época, sendo  chamada particular atenção para uma foto panorâmica dos terrenos onde foi implantada a fábrica, com a frase simbólica …. “ No princípio era a Gândara…” , onde se vêem  os campos de parcas culturas agrícolas que foram adquiridos para a  construção da Fábrica ; outra foto onde se podem ver grande número de homens que foram os primeiros operários desta Empresa; uma Maqueta da Fábrica e espaços circunvizinhos, já com todas as condições de infra-estruturas construídas com data de 1949. Foi ainda chamado à atenção para a observação de dois bustos representando as figuras dos principais fundadores e impulsionadores desta obra, industrial e Social, os Engenheiros Senhor Henrique Sommer e Senhor Rocha e Melo.
Seguiu-se a visita ao espaço onde se podem ver os utensílios de Laboratório experimental, usados no início da produção do cimento, assim como pequenas ferramentas de medida, de peso e força, usadas na fase experimental de produção e verificação de qualidade do produto – o cimento.
Prendeu-se de especial interesse, a apresentação aos alunos do espaço destinado à mostra exemplificativa da formação da Terra correspondente à constituição do subsolo com as características apresentadas na nossa região – pedras calcárias, margas e formações fósseis de várias épocas Jurássicas – conforme exemplos expostos.
Foi também apresentado em retrospectiva todo o esforço feito por esta empresa na incrementação de espaços e actividades de carácter cultural e cívico para formação dos jovens e ocupação de tempos livres, dando relevo ao apoio à Família e em especial à Maternidade, à Educação Escolar, à formação feminina nas artes manuais e actividades domésticas, à higiene e saúde, às bricolages de utilidade prática, às artes musicais e de recreio, à prática de várias modalidades desportivas, à criação de uma Colónia Balnear de Férias para participação dos filhos de todos os operários em idade escolar, entre outros.
Foi ainda possível observar pelo miradouro a Pedreira da pedra Calcária e as máquinas em laboração na mesma, assim como o bando de gaivotas que ali se encontravam, tendo sido chamados à atenção para o espaço como um meio onde a biodiversidade se faz notar, pelo esforço de todos na preservação do meio ambiente. 
 Fez-se também uma breve visita ao Jardim Jurássico, onde pudemos ver e contactar com alguns fósseis que aí se encontram, encrostados em grandes blocos de calcário, assim como observar a requalificação do espaço envolvente com plantas autóctones, cuja preservação se encontra protegida.
Apesar desta visita ter sido mais rentável, sentimos ainda o constrangimento do tempo dispensado para a visita, o que não nos permitiu visitar o espaço reservado à apresentação do processo de Fabricação do Cimento, assim como a visita ao Parque da Água ter sido de pequena apresentação.
Já na hora do regresso, chegou a Professora Teresa Salvador, porque era a última desta série de visitas, que veio agradecer à Doutora Ana Lúcia, em nome do Agrupamento de Escolas, toda a sua disponibilidade e empenho em guiar-nos e esclarecer-nos sobre esta grande obra, que faz parte da nossa Terra e que poucos maceirenses conhecem de verdade.
Ao entregar-lhe um simbólico arranjo floral, a Professora Lucília Fernandes, dirigiu-lhe algumas palavras de agradecimento e admiração extensíveis à Direcção da Empresa, prometendo que haveríamos de voltar.
 Aos alunos, chamou-os à atenção para o valor da nossa Terra, Maceira, continuando a ser uma aldeia com pouca visibilidade, não deixa de ser importante, pelos valores humanos de que é composta, pois todos nós, como pessoas do tempo de hoje, somos também o resultado dos valores que, nos últimos 88 anos, estiveram na base da educação e vivências que a Fábrica de Cimentos nos permitiu ter. Disse ainda que as raízes da nossa terra são também as rochas “ marga e calcário, e que sendo rochas, elas hoje contribuem para a construção do mundo em resistência e arte, enquanto transformadas em cimento, graças ao engenho, saber e arte dos Homens…
Também nós, os homens e as crianças de hoje, somos as raízes da nossa Terra e podemos ser muito importantes na construção do futuro, se formos, como as raízes do nosso subsolo, capazes de ser dóceis e maleáveis como a pedra marga; resistentes, perseverantes e fieis às nossas origens, como a pedra calcária; se soubermos em conjunto formar equipas de trabalho e usar os nossos saberes, colocando-nos ao serviço uns dos outros. Todos nos despedimos comovidos.
E mais uma vez, regressámos à escola com um sabor a pouco, mas felizes pelo que podémos viver e aprender.

Maceira, 24 de Março de 2011
Prof. Lucília Fernandes

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